terça-feira, 30 de setembro de 2008

NÃO BASTA - POR PAULO CILAS

Não basta ser igreja! A palavra igreja no seu original grego referia-se a todo ajuntamento, reunião do povo para determinado fim. Umas cinco vezes, pelo menos, o termo foi usado no Novo Testamento sem ter a mínima relação com a Igreja de Jesus.

Mas também não basta ser uma igreja de um Jesus qualquer. O nome Jesus, uma forma grega de Yeshua no hebraico, era muito comum . Muitos “Jesus” existiam! É necessário então, ser Igreja de Jesus, o Cristo!

Todavia, não basta seguir a qualquer cristo. Somos alertados quanto aos falsos cristos (messias a partir do hebraico - que quer dizer ungido) que vieram e virão a surgir. A eles são atribuídos poderes e milagres, sinais e maravilhas. Ora, como saber a que “cristo” seguir? Jesus nos alerta para que quando disserem : “Eis o cristo ali ou acolá” não podemos dar ouvidos.

Por fim, não basta ser uma igreja qualquer, muito menos de um qualquer “Jesus”. E nem seguirmos os muitos “cristos”. O que basta é sabermos que Ele é muito mais! Ele é o Deus Conosco, o Príncipe da Paz, o Pai da Eternidade. Percebemos isto em nós? O Seu caráter está infundido em nós? Sentimo-nos necessitados Dele? Entendemos Seu amor? Se a resposta é sim, isto nos basta!!!

PS. Não basta está arrolado no rol de membros de uma igreja local. Basta está inscrito no LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

VERDADE VERSUS ALUCINAÇÃO- POR RICARDO GONDIM


O culto pegava fogo. O frenesi do povo crescia, estimulado por um pastor quase grisalho, engravatado e com bastante brilhantina nos cabelos. Mesmo acostumado a ambientes pentecostais, estranhei o exagero dos gestos e das palavras. Concentrei-me para entender o que o pastor dizia em meio a tantos gritos. Percebi que ele literalmente dava ordens a Deus. Exigia que honrasse a sua Palavra e que não deixasse "nenhuma pessoa ali sem a bênção".

Enquanto os decibéis subiam, estranhei o tamanho da sua arrogância. A ousadia do líder contagiou os participantes. Todos pareciam valentes, cheios de coragem. Assombrei-me quando ouvi uma ordem vinda do púlpito: "chegou a hora de colocarmos Deus no canto da parede; vamos receber nosso milagre e exigir os nossos direitos". Foi a gota d'água. Levantei-me e fui embora.

Os ambientes religiosos neopentecostais se tornaram alucinatórios porque geram fascínio por poder e pela capacidade de criar um mundo protegido e previsível. Por se sentirem onipotentes, buscam produzir uma realidade fictícia. Para terem esse mundo hipotético, os sujeitos religiosos chegam ao cúmulo de se acharem gabaritados para comandar Deus. É próprio de a religião oferecer segurança, mas os neopentecostais buscam produzir garantia existencial com avidez.

Em seus cultos, procuram eliminar as contingências, com a imprevisibilidade dos acidentes e os contratempos do mal. Acreditam-se capazes de domesticar a vida para acabar com possibilidade dos seus filhos adoecerem, das empresas que dirigem falirem e de se safarem, caso estejam no ônibus que despenca no barranco. Almejam uma religião preventiva, que se antecipa aos solavancos da vida. Imaginam-se aptos para transformar a aventura de viver em um mar de almirante ou em um céu de brigadeiro.

Acontece que essa idéia de um mundo sem percalços não passa de alucinação. Por mais que se ore, por mais que se bata o pé dando ordens a Deus, o Eclesiastes adverte: "o que acontece com o homem bom, acontece com o pecador; o que acontece com quem faz juramentos acontece com quem teme fazê-lo" (9.2).

Mas a pergunta insiste: por que os cultos neopentecostais lotam auditórios e ganham força na mídia? Repito, pelo simples fato de prometerem aos fiéis o poder de controlar o amanhã; de eliminar os infortúnios e canalizar as bênçãos de Deus para o presente. Quando oram, pretendem gerar ambientes pretensiosamente capazes de antever quaisquer problemas para convertê-los em fortuna e felicidade.

Esta premissa deve ser contestada. Pois, pedir a Deus para nunca se contrariar, ou para ser poupado de acidentes, significa exigir que Ele coloque os seus filhos em uma bolha de aço. A vida é contingente. Tudo pode ocorrer de bom e de ruim. Uma existência sem imprevisibilidade seria maçante. O perigo da tempestade, a ameaça da doença, a eminência da morte fazem, inclusive, o dia a dia interessante.

A verdade não produz necessariamente felicidade. Verdade conduz à lucidez. O delírio, porém, tranqüiliza e gera um contentamento falso. Muitos recorrem à religião porque desejam fugir da verdade existencial e se arrasam porque a paz que a alucinação produz não se sustenta diante dos fatos.

Cedo ou tarde, a tempestade chega, o "dia mau" se impõe e o arrazoamento do religioso cai por terra. Interessante observar que Jesus nunca fez promessas mirabolantes. Como não se alinhou aos processos alienantes da religião, Jesus não garantiu um mundo seguro para os seus seguidores. Pelo contrário, avisou que os enviaria como ovelhas para o meio dos lobos e advertiu que muitos seriam entregues à morte por seus familiares. Sem qualquer rodeio, afirmou: "no mundo vocês terão aflições".

Quando o Espírito conduziu Jesus para o deserto, o Diabo lhe ofereceu uma vida segura, sem imprevistos. As três tentações foram ofertas de provisão, prevenção e poder. Ciristo, porem, as rechaçou porque eram mentiras. O mundo que o Diabo prometieu não existe.

Acontece que as pessoas preferem acreditar nas suas ilusões. Fugir da crueza da vida é uma enorme tentação. Em um primeiro momento, parece cômodo refugiar-se da realidade, negando-a. É bom acreditar que a riqueza, a saúde, a felicidade estão pertinho dos que conseguirem manipular Deus.

O mundo neopentecostal se desconectou da realidade. Seus seguidores vivem em negação. Não aceitam partilhar a sorte de todos os mortais. Confundem esperança com deslumbre, virtude com onipotência mágica, culto com manipulação de forças esotéricas e espiritualidade com narcisismo religioso.

Os sociólogos têm razão, o crescimento numérico dos evangélicos não arrefecerá nos próximos anos. O problema, entretanto, é qualitativo. Assim, o rastro de feridos e decepcionados que embarcaram nessas promessas irreais já é maior do que se imagina.

A demanda por cuidado pastoral vai aumentar. Os egressos do "avivamento evangélico" baterão na porta dos pastores perguntando: "por que Deus não me ouviu?" ou "o que fiz de errado?". Será preciso responder carinhosamente: "não houve nada de errado; Deus não lhe tratou com indiferença; você apenas alucinou sobre o mundo e misturou fé com fantasia".vv

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

ENTRE O ÉDEN E A NOVA JERUSALÉM - POR PAULO CILAS

Não! Não estamos mais na inocência. Definitivamente fomos expulsos do Jardim da Perfeição quando escolhemos o conhecimento do bem e do mal sem possuirmos a maturidade necessária para tal. E por isso passamos a viver em meio às maldades nossas e dos outros sem podermos voltar atrás.
Também não chegamos ainda à Nova Jerusalém. Isso quer dizer que aqui ainda somos, além de culpados, corruptíveis. Sim, corruptos e frágeis. E quaisquer tentativas de mudar esta realidade, de não querer enxergá-la, nos levará a frustrações dolorosas e em muitos casos na perda de nossa identidade, pois, sempre que tentamos ser o que não somos a identidade é assassinada.
Como viver então? Já que não somos mais inocentes e não temos mais lugar no Jardim, e, somos tão corruptos ao ponto de “fazermos o mal que não queremos e deixamos muitas vezes de fazer o bem que queremos”. Vamos nos acomodar? Sermos iguais aos vivem desregradamente, sem temor, sem compromisso com Deus e Sua verdade? De maneira nenhuma!
A saída para nós, penso eu, ainda que com parco entendimento, é vivermos no lamento da queda na qual perdemos a pureza, mas, sem sermos derrotados pela derrota pois, alimentamos a esperança da “corruptibilidade sendo revestida de incorruptibilidade”. Aguardamos não mais o retorno da inocência e, sim, a maturidade de escolher o bem. Bem escancaradamente revelado em Jesus. O bem que vencerá todo mal e nos devolverá a perfeição original com a qual fomos criados.
Caminho assim entre o Éden e a Nova Jerusalém. Não sendo inocente, mas desejando a virtude. Sendo corruptível, porém ansiando pelos caminhos retos, as ruas de ouro e o mar de cristal da Nova Jerusalém. A qual não teria acesso se não fosse O SANGUE INOCENTE DE JESUS!

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...