sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O OUTRO LADO DA GRAÇA - LLOYD JOHN OGILVIE



“Mostrou-me também isto: Eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então me disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; e jamais passarei por ele” (Amós 7:7-8)

Amós foi um profeta de justiça e retidão. No meio de apostasia e negligência do sofrimento humano, seu tema foi: “Corra a justiça como águas, e a retidão como um rio.” O Senhor lhe disse que a retidão e a justiça eram sua linha de prumo que media e expunha as estruturas tortuosas da religião institucionalizada. A questão era que a crença em Deus devia ser expressa em retidão pessoal e justiça social. A mensagem cortante de Amós despedaça todo o tipo de religião que não resulta na descoberta e realização da vontade de Deus em nossos relacionamentos e responsabilidades.

O prumo do Senhor mede a cada um de nós e as nossas igrejas, expondo tudo o que contradiz o seu amor. O juízo faz parte da graça. O Senhor não nos dá pancadinhas nos ombros, dizendo: “Ora, ora – o que você fizer está bem feito.” Ele se interessa profundamente pela totalidade de nossa vida. Não existe uma divisão entre sagrado e profano, entre a vida interior e a sua expressão externa.

Mas Deus também não é um juiz mal-humorado e negativo, que está contra nós. Ele nos ama tanto que não deseja que percamos a vida abundante, e quer que sejamos participantes da aventura de levar a paz e o poder para os nossos lares, trabalhos, igrejas e sociedades. O prumo revela o que está fora de alinhamento. Então pedimos a Deus que nos ajude a endireitar as partes tortuosas. O juízo é uma expressão da graça. O que o prumo lhe revela, o Senhor está pronto a ajudar-lhe a endireitar. Faça uma relação dessas pessoas e situações.

O juízo leva à graça, e a graça nos capacita a fazer algo acerca do que estiver errado.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

FALSOS PROFETAS - POR JOHN STOTT




Ao dizer às pessoas que tivessem "cuidado com os falsos profetas" (Mt 7.15), Jesus obviamente assumiu que eles existiam. Não faz sentido você pôr um alerta no portão do seu jardim: "Cuidado com o cão!", se tudo que tiver em casa for um casal de gatos ou um periquito australiano. Não. Jesus alertou seus seguidores sobre os falsos profetas porque eles já existiam.

Nós os encontramos, em numerosas ocasiões, no AT, e Jesus parece ter considerado os fariseus e saduceus da mesma forma — "líderes cegos conduzindo outros cegos" —; foi dessa forma que ele os chamou. Jesus também deixou implícito que eles cresceriam e que o período que precederia o fim seria caracterizado não apenas pela expansão do evangelho, mas também pelo surgimento de falsos mestres que levariam muitos a se desviar.

Ouvimos falar a respeito deles em quase todas as cartas do NT. São chamados de "falsos profetas" ("profetas", presumivelmente porque afirmam ter inspiração divina), de "falsos apóstolos" (porque afirmam ter autoridade apostólica), de "falsos mestres", ou, até mesmo, de "falsos cristos" (porque tem pretensões messiânicas). Mas cada um deles é "falso" — pseudoprofeta, pseudo-apóstolo, pseudomestre ou pseudocristo —; pseudos é a palavra grega para mentira.

A história da Igreja tem um longo e som¬brio histórico de controvérsias com os falsos mestres. O valor dessas controvérsias, na prevalente providência de Deus, é que elas apresentaram à Igreja um desafio para pensar e definir a verdade, mas causaram muito prejuízo. Infelizmente, ainda hoje há muitas delas nas igrejas.

Ao nos recomendar que tivéssemos cuidado com os falsos profetas, Jesus fez outra conjectura: há um padrão objetivo de verdade que deve ser distinguido do falso profeta. A noção de "falso" profeta seria irrelevante, se isso não fosse verdade.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A GRAÇA QUE NOS EMPAREDA - POR PAULO CILAS



REPOSTAGEM



Conta Philip Yancey que chegando a uma reunião de escritores cristãos um assunto já estava em debate: Qual a maior contribuição prática do Cristianismo ao mundo? Bem informalmente, os debatedores constatavam que benfeitorias sociais, educacionais, médicas e outras emocionais e espirituais também eram realizadas por muitas outras religiões no mundo. Ao responder, Yancey foi direto: A Graça!
De fato, todas as religiões apresentam algum tipo de salvação sempre baseada no auto-sacrifício, reencarnação, mérito e purgatório, etc...
Mas, triste mesmo é a constatação de que a Graça não é compreendida e por isso mesmo não vivida; e o pior, ela não é aceita no meio dos que dizem seguir seu Autor. Em alguns casos ela soa como uma ameaça à boa fé. Mas, por que? Porque a Graça não consegue ser entendida em sua plenitude?
Penso que, no confronto com a Lei, ela é muito mais contundente. Na Graça, não basta não matar, pois ela me revela o quanto sou mau em odiar. Ela me coloca em pé de igualdade com um assassino. E isto? Ah! Isto é injusto, ora. Então, ainda que meio sem querer, eu a renego.
E o mérito? Vivemos a era da concorrência, da mídia. Propagandas de escolas afirmam que nelas só estudam as melhores cabeças ou os que querem ter um futuro brilhante. E, no mercado, os melhores são logo escolhidos e usados. Na igreja humana quanto maior e luxuoso o prédio, quanto mais "visões e unções" e o maior número de seguidores, tem-se estabelecida a melhor, a mais, mais dentre todas.
Entretanto, a Graça joga tudo isto por terra. Nela estávamos todos encerrados debaixo da desobediência. Todos éramos, sem ela, miseráveis, pobres , cegos e nus. E sem ela permanecemos assim. Méritos, justiça própria, aparências, obras... Nada disso subsiste. Nada pode ser apresentado diante de Deus como coisa de valor. Pois tudo estava condenado.
Alguns, para não dizer muitos, alegam que quando se prega muito sobre Graça há uma corrida desenfreada para o pecado. O entendimento é que a pessoa se torna mais pecadora a partir da Graça. Muitas vezes, isto não é dito de forma clara, mas está camuflado no "modus operandis" eclesiástico. Mas vejam só! Pela Graça é a única maneira possível do homem ser salvo.
"O homem não é pecador porque peca. Ele peca por ser pecador".
Estou então emparedado pela Graça. Sendo o único instrumento de salvação, sua eficácia só se dá em meio a uma confissão genuína. Não aceita aparência, mas me expõe como verdadeiramente sou, quebrando minha altivez . Devo fazer o melhor sem esperar recompensa, pois se o fizer nem "servo inútil" serei. Torno-me só inútil.
Então, viver pelas várias leis criando novas fórmulas e regras disfarçadas de coisas de Deus é mais cômodo. A Graça constrange muito!

domingo, 6 de novembro de 2011

NÃO SOU MELHOR DO QUE NINGUÉM - POR MANUEL dC


sexta-feira, 4 de novembro de 2011




Reflexões de um peregrino na véspera de seu aniversário.

Não sou melhor do que ninguém. Sou um simples passageiro do tempo, nada mais. Um sobrevivente que luta sofregamente pela vida, “carregando no costado” 53 anos, um pouco mais de meio século de existência. Sinto-me um peregrino a caminho do céu, que se vê muitas vezes, anacrônico, inadequado e perdido no mundo, como no meio de densa tempestade de areia no deserto da vida, me vendo às vezes sem direção, sem norte e sem companhia, mesmo rodeado de gente querida que me estime muito.

Não sou melhor do quer ninguém. Vejo-me como um cristão comum em meio a milhões de outros inconformados, um profeta fora de lugar, um provocador de inquietações, com certa dosagem de subversão para conspirar contra o status quo da religião legalista e contra a injustiça na sociedade enfermiça.

Não sou melhor do que ninguém, por isso minha teologia é inclusiva e graciosa, não contendo o teor triunfalista dos que levantam a bandeira da versão gospel do “corpo fechado”, baseada na hermenêutica capenga que interpreta o “caiam mil ao meu lado, não serei atingido” do salmo 91 como o cristão sendo uma espécie de super-homem inatingível e “os outros” que tropecem e caem no inferno.

Como não sou melhor do que ninguém, minha teologia passa pela Graça Comum que admite que Deus faz nascer o sol sobre justos e injustos, bem como também, por inferência, faz cair a chuva e as nuvens sombrias sobre todos, indistintamente, incluindo a enfermidade, a morte física e toda dor que isso implica.

Não sou melhor do que ninguém. Assim, sou um cristão que em nada se sente especial em relação aos outros romeiros que vagueiam pelo vale árido que é esse planeta chamado Terra. E caminhando passo a passo ao lado desses milhões de valorosos companheiros de mochila, mesmo dotado de equipamento de segurança e bússola de orientação, ainda sim, posso ser alvejado por meteoritos de dificuldades que me infligem dor, dúvidas, choro e angústia junto com meus outros companheiros de crepúsculo.

Não sou melhor do que ninguém, por isso, confessando minha vulnerabilidade, e se não fosse a ação libertadora e soberana do Senhor Jesus na minha vida, posso ser contagiado por qualquer um dos milhões de vírus e bactérias invisíveis que permeiam o ar como qualquer outro mortal, e ser acometido por enfermidades as mais variadas, mesmo aquelas que fazem estremecer o corpo e arrepiar a espinha cervical de qualquer um.

Não sou melhor do que ninguém, e posso ser surpreendido por acidentes nas ruas ou estradas como qualquer um, ser assaltado nas calçadas, passar por qualquer tipo de coerção física ou moral, igualzinho a qualquer pessoa que vive nesse tempo de violência generalizada e receber todas as consequências que resultam de uma cidade socialmente necrosada e o que isso possa acarretar, como cidadão que mora aqui.

Não sou melhor do que ninguém, portanto admito minha limitação cultural, intelectual, espiritual e econômica, que não tenho todas as respostas na ponta da língua, que ainda não tenho casa própria, e que não viajei pelos principais países do mundo e nunca pus os pés na Terra Santa. Não estou vinculado a nenhuma denominação histórica, e não tenho aval de nenhum figurão denominacional que me dê qualquer segurança futura ou garantia de suporte que me venha a ser confortável no presente.

Sinto-me e quero continuar me sentindo como um cidadão comum que dependa exclusivamente da graça de Deus. E quero continuar assim.

Não sou melhor do que ninguém. Por isso, quero dar passos decididos adiante, tendo uma postura de quem espera a morte inevitável com serena certeza do porvir com Jesus, mantendo a reverência, a esperança e a alegria, antevendo a eclosão do raiar de um novo dia, e a abertura do portal que me transportará para a eternidade para sentar à mesa, na presença de Jesus.

Não sou melhor do que ninguém, e por causa disso, tenho e preciso de pessoas ao meu redor que me amam, me apoiam e me acolhem. Li essa semana um livro de Jo Nesbø que dizia em um diálogo que o problema não é eu me sentir só no mundo, mas não ter ninguém no mundo, que se importe comigo. E amigos verdadeiros que se importam comigo de fato são raros, mas eu os tenho...

E como não sou mesmo melhor do que ninguém, por fim compartilho com meus amigos os meus parcos pertences, o pouco que carrego em minha mochila de peregrino: sementes de grão de mostarda para quem quer conspirar pelo Reino junto comigo, mantas de acolhimento R15, um abrigo no coração, e mantimentos de esperança, força de vontade e fé que nos darão alento renovado e novas forças para continuar a jornada, e avançar mais um pouquinho o Reino, e contando com a ajuda imprescindível do Espírito Santo, junto com meus companheiros de caminhada, prosseguir assim, enquanto Deus nos conservar com vida

Ps. Como aniversariante do dia 4 faço minhas as palavras acima

Uma esquerda religiosa e sem esperança - Filipe Samuel Nunes em Gospelprime

As pilhagens e o gosto pela violência que atravessa os Estados Unidos têm surpreendido o mundo. Alguns argumentarão que o problema racial é...